Esta exposição contém fragmentos visuais de um Brasil que pulsa para além das fronteiras urbanas, capturado pelo olhar sensível de Araquém Alcântara. Através destas imagens, somos convidados para uma jornada pelos territórios onde água, luz e vida selvagem compõem uma gramática do existir. A Virada Sustentável Mato Grosso, ao trazer a obra de Araquém Alcântara para o coração do Brasil central, busca sensibilizar o público para a preservação da biodiversidade ao revelar em sua plena exuberância os três principais biomas presentes no território mato-grossense: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Nestas fotografias, vemos um país-organismo vivo na onça vigilante na mata fechada, no pescador que corta o rio como extensão de si mesmo, nas vitórias-régias que flutuam como planetas aquáticos. O fotógrafo revela um Brasil das fronteiras dissolvidas – onde água vira céu nos reflexos perfeitos, onde luz esculpe silhuetas, onde o encontro entre preservação e desaparecimento permanece em tenso equilíbrio. A água, elemento recorrente em sua obra, não é mero cenário, mas personagem central desta narrativa vital brasileira, sendo o Brasil o país com a maior reserva de água doce superficial, cerca de 12% do total mundial. Alcântara captura o Brasil simultaneamente ancestral e urgente, monumental e microscópico, íntimo e selvagem. Sobretudo, esta é uma exposição sobre um país que persiste: nas águas que continuam seu curso, nas espécies que resistem à extinção, nos ciclos naturais que desafiam a intervenção humana. Além da beleza imediata, estas fotografias também são um chamado à ação – um convite para desacelerarmos e estabelecermos uma conexão não como observadores distantes, mas como partes da grande composição da vida nos ricos territórios brasileiros.